segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

São Paulo, 28 de Dezembro de 2015



São Paulo, 28 de Dezembro de 2015

- Ei, você ainda está aqui?
- Estou sim. O que foi?
- Não é nada, eu apenas quis saber se estava aqui ainda.
- Claro que eu estaria, que outro lugar eu tenho além do seu lado?


- Ei, você ainda está aqui?
- Estou sim.
- Que bom. Posso te pedir uma coisa?
- Pode sim, o que você quiser.
- Segura minha mão?
- Sim.

- Ei, estou te incomodando?
- Você nunca me incomodaria.
- Preciso te perguntar algumas coisas.
- Pode perguntar



- Você lembra do dia em que nos conhecemos?
- Talvez seja o dia mais difícil de se esquecer.
- Foi tudo tão estranho.
- Foi sim.
- Você poderia não sorrir mais para mim?
- Depende.
- Depende?
- Do real motivo de me pedir isso
- É que seu sorriso meio que me rouba a atenção, independente de quem esteja perto, ou do que estamos fazendo, se você simplesmente sorri, tira toda minha atenção.
- Impossível, não posso deixar de sorrir.
- Ah, entendi, tudo bem então.
- Mesmo?
- Não muito, mas por quê?
- Não posso deixar de sorrir?
- Sim
- Você é a causa dos meus sorrisos, não posso deixar de sorrir, pois estou contigo.

- Ei, você ainda está aqui?
- Sim eu estou. O que tem te incomodado?
- Não é nada.
- Se não fosse nada, não me perguntaria isso.
- É um incomodo apenas.
- Não se sinta assim, eu estou aqui com você.

- Você pode me passar aquele sorriso de novo, estou me sentindo cansado, acho que vou dormir.
- Meu bem, quanto sorrisos quiser. Pode dormir, te encontro daqui a pouco em nossos sonhos.


  "Se eu pudesse escrever como seria um história de amor, essa seria a forma mais simples de se fazer isso. Ei, me toque, me sinta, eu estou aqui. Mas quem sabe se essa mensagem vai chegar a você. Nem sei responder porque ela sai de mim. Te procurar é como estender a mão e tentar agarrar algo no escuro, o pior lugar escuro que pode existir, o escuro dentro e mim".

  Meros devaneios, a cidade cinza continua, enquanto sinto a poluição, o cheiro de cigarros, pessoas apressadas andado de um lado para outro. Nada novo, só aquela menina de botas vermelhas mexendo no seu smartphone, ou aquele rapaz de touca ouvindo a última música da moda, os guardas de trânsito parecem diferentes. Não, a única figura nova em meio a tudo isso é meu coração pulsante. Eis que nasce o amor em SP.

#DiárioDaCidadeCinza

sábado, 26 de dezembro de 2015

São Paulo, 26 de Dezembro de 2015



São Paulo, 26 de Dezembro de 2015

  Olhei para o celular, outra mensagem sua, aquela nova foto que você curtiu. E eu na dúvida se retribuía ou não. As vezes guardar certos sentimentos é tão estranho. De alguma forma acreditar que você pensa tão bem de mim, quando eu mesmo não em penso assim. Não que eu queira te mostrar algo demais, mas não sei se me faria bem mostrar quem eu sou.

  Aquele dia você veio para tão perto, mas eu estava bem distante, e ficou por tanto tempo e eu nem soube, só depois de tantas fotos pude notar que esteve aqui e eu nem pude te olhar nos olhos, e enxergar o que você realmente pensa de mim. Como a gente faz isso as vezes não? Você aqui e eu ali, e quando você foi embora eu estive aqui e já não havia nada ali.

  Dentro do silêncio, em um local que eu não pude te visitar, e eu perdido, sem saber se continuava indo de lugar em lugar. O que eu posso fazer para compensar tudo isso? Sabe quando tudo o que podemos viver é na calma ou na dor? É dessa forma que eu te enxergo, alguém que de alguma forma vive silenciosamente, tentando evitar toda a dor.

E quando vai bater a minha porta? Quando poderei te sorrir gentilmente de novo? Você me deve tantas coisas e eu te prometi outras. Talvez eu não saiba mesmo quando poderei te pagar. Mas o copo está vazio, o que posso te oferecer além do meu vazio interno?

As ruas são cinzas, como o concreto que as cercam. Não existem poesias escritas para pessoas que escrevem elas. Quando o poeta foi merecedor de ser lembrado em alguma obra de outro autor? Somos ciclos infinitos dentro da finitude. Só posso te dar tudo, quando souber que você é de verdade meu outro mundo.

#DiárioDaCidadeCinza


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

São Paulo, 23 de Dezembro de 2015


São Paulo, 23 de Dezembro de 2015

   E se não fosse seu jeito?

 Aquele sorriso, você nunca imaginou o que causa em mim, talvez não devesse ligar, seu jeito de falar as coisas, de fazer escolhas, não pude acompanhar quando você se embalou ao som daquela música e seus olhos claros escondidos atrás dos seus cabelos.

 São doces e doses, amores amargos, escondidos e perdidos, deixados por ai. Você nunca conseguiu perceber, se não tivesse resolvido se misturar na multidão, teria notado um olhar curioso, um fascínio que não vai ser revelado. Revelado aqui, mas não vai saber, nunca vai ler, e se ler? Tanto faz, nunca quis se importar se era realmente você.

 Eu vou te pedir para fazer coisas estranhas, coisas que você pode não concordar, mas você já fez. Vamos roubar. Roubar cada segundo, cada minuto, o tempo vai ser nossa maior fortuna. Vamos roubar sorrisos um do outro, abrir a janela da alma. Mas não, você nunca imaginou, nunca se pegou pensando isso ao meu lado. Sou um louco, lunático, fanático, de coração roubado pelo seu sorriso. Não, seu sorriso, seu olhar, seu jeito, a forma que se distraí.

Alguém pode por favor desligar esses aparelhos que me prendem a realidade, não quero mais respirar, por favor, desliguem as máquinas que me mantem preso no chão. Quero meus pés voando pelo ar, mais alto que meu próprio coração pode alcançar. Posso não me apaixonar, mas vale cada segundo imaginar.

Droga. Acordei novamente daquele sonho.

#DiároDaCidadeCinza

domingo, 20 de dezembro de 2015

São Paulo, 20 de Dezembro de 2015



São Paulo, 20 de Dezembro de 2015

 O dia correu, não somente como um dia de 24 horas, digo o dia do seu coração, o despertar que quase ninguém ouviu e o calar da noite que se seguiu. Você reparou nos carros que cruzaram seu caminho nesse dia? Talvez não tenha reparado, mas de alguma forma, se passaram tantos carros, quanto passaram pensamentos em sua cabeça.

 Esse é meu problema, viver da rotina, buscando cada dia mais aquela dose independente de tudo o que um dia eu já senti. Experimentar em pequenas doses de emoção, aquela que pode calar dentro de mim a abstinência que existe pela sua falta aqui. Você sabe como é viver entorpecido, mas não como eu vivo. Nem imagina como é viver todos os dias, debaixo dessa pele, com essa carne e esses nervos dependentes da sua presença.

 Pequenas doses de alegria, eu estava ali, olhando as luzes da cidade, o movimento de cada carro, de todas as pessoas que seguiam suas vidas, não sei para onde iam, nem de onde chegavam. Mas eu estava ali, e sorri, com as luzes que de alguma forma me cercavam. Artificiais, as pessoas ou as luzes? Talvez seja apenas eu. Mas eu estava ali, e ali eu sorri, imaginando o que poderíamos estar fazendo naquele momento.

Talvez essa seja a melhor forma de dar a volta por cima, andar pela ponte e olhar tudo o que ficou para trás. Somos fascinantes, capazes de esconder entre sorrisos, lágrimas que correm em nossos corações. Eu estiquei minha mão, como se pudesse agarrar aquele sonho que pairava diante de mim. Você pode me ouvir agora? Obrigado por me fazer enxergar com dois olhares, o olhar real da vida e o fantástico olhar da poesia.

#DiárioDaCidadeCinza