segunda-feira, 25 de abril de 2016

São Paulo, 25 de Abril de 2016


  São Paulo, 25 de Abril de 2016

   Lembra daquele piano que ouvimos? De alguma forma, você queria me dizer que ele estava desafinado, eu não entendia bem o que você me dizia na época, mas hoje eu reparo.

   Existem momentos na vida que o descompasso está dentro de nós, somos seres desafinados, tentando viver de forma harmoniosa, nossas vidas. Mas como podemos criar harmonia em meio ao caos?

   Eu ainda vejo aquelas crianças sorrindo de forma alegre, em meio ao concreto da cidade, se divertindo em brinquedos feitos de ferro e pedra. E eu carrego meu coração de forma tão concreta, que tenho perdido pedaços dele por aí.

   E você encontrará pela cidade, o despedaço de mim que escondi para você. Como uma doce poesia escrita sobre você. Pois é em meio a cidade cinza, que Deus vem colorindo minha vida com seus lápis de cor.

   Olhe, você consegue ver? Aquele poema pichado nos muros da cidade, são os versos que escondi para você.


#DiárioDaCidadeCinza


quarta-feira, 13 de abril de 2016

São Paulo, 12 de Abril de 2016


  São Paulo, 12 de Abril de 2016

   Uma vez eu me apaixonei por uma menina, mas eu era muito novo para saber o que realmente era amor. Ainda assim, acreditei eu que a amei por muitos anos, mas no fim, crescemos, ela teve uma filha com outra pessoa e eu fiquei sozinho.

   Depois, me apaixonei por uma menina de franja loira, ela parecia completar muitas das minhas expectativas, mas no fim, ela nem sabia quem eu realmente era para ela. E depois de uma situação frustrante, ela seguiu sua vida, teve um filho e está vivendo.

   Quando penso que não, me apaixonei pela minha primeira namorada, ela era linda, tudo nela me chamava atenção, me prendia. Mas meu coração dúbio, me roubou, me levou por caminhos por onde não deveria ir, ela cansou e se casou.

   Alguns anos depois, na busca pelo amor, achei ter me apaixonado por linda morena, mas nem água no tororó eu encontrei. Depois de um tempo, e nem por desavenças, deixei ela livre para partir, não havia porque segurar alguém em minhas expectativas.

   Seguido isso, amores que não eram amores, eram poses, eram carências, era o desejo que me tornasse objeto que eu não era. E das duas seguintes carrego a tristeza de não corresponder as suas expectativas. Acabou de forma amarga.

   E foram encontros e desencontros, beijos trocados, mentiras contadas e apenas o desejo da satisfação, o desejo pelo desejo e mesmo que sem envolvimento, levaram algo de mim. Até que construí com alguém uma ponte, mas a inveja nos cobriu com um muro e eu perdido do outro lado, fui em busca de satisfazer minha frustração de ter perdido algo importante.

  E me vi envolvido com quem já tinha feitos juras de um amor que não era amor. Foram muitos sorrisos e sonhos compartilhados, mas era sem gosto, era sem sal. E na vontade de colocar algo diferente em meio a tudo isso, quase perdi minha vida.

   Eu me apaixonei pela menina que tinha uma bela voz e por outra que me prometia aventuras. E não encontrei nem paz e nem sossego em nenhuma das duas. E me entreguei a quem estava igual a mim em fase de reconstrução. Bom, as obras estão em progresso, o relacionamento não.

   E sempre fui escravo assim, condicionado, marionete do meu próprio coração, que busca, se embriaga, vive de ressaca e não se sacia. Marionete do que sou, de quem sou. Quem eu sou?

   E me apaixonei pelo sorriso, pela beleza, pelo olhar, pelo abraço. Como quem junta tudo o que há de quebrado em mim e reconstrói, como se soubesse em qual lugar cada pedaço solto dentro de mim pertence. Como se eu pudesse juntar tudo em minhas mãos e me dar uma chance de novo. Mas eu continuo buscando, meu destino em meio ao brilho desses dias fugazes. Alguém pode me devolver a mim?

   Pois de você, apenas carrego poesias...

#DiárioDaCidadeCinza



quarta-feira, 6 de abril de 2016

São Paulo, 06 de Abril de 2016


  São Paulo, 06 de Abril de 2016

   Eu rasguei algumas fotos ontem, não apenas isso, antigas cartas de amor encontraram seu fim, dentro de um saco de lixo aqui dentro do meu quarto. Algumas palavras que eu não me lembro, letras de pessoas que não me recordo. Faz tanto tempo, e me dou conta que não entendi as entre linhas que a vida escreveu sobre minha própria vida.

   Tantos anos se passaram e não me recordo se tenho visto as mesmas pessoas por entre as estações da cidade, tudo parece tão estranho, sendo que permanece tudo tão igual. Aquela mesma senhora espera seu ônibus no ponto, aquela mesma mãe segura seus filhos e as mesmas pessoas passam apressadas dentro do insulfilme de seus veículos.

   E eu, depois de tantos anos, ainda não aprendi a lidar com meus próprios sentimentos, por isso, talvez, eu não saiba lidar com os seus. Desculpe, não consigo ser perfeito...

   Mas eu entendo, depois de tantas coisas que se passaram, eu aprendi, não é simples para todas as pessoas lidarem com determinados fatos. Descobrir um universo dentro de um universo. Conhecer você dentro de mim. Mas não entendo nem mesmo a mim, e como pedir para que você compreenda e arrume meu caos interior?

   Mas de muitas coisas que aprendi, uma delas é que seu ciúmes não é algo que deva me magoar, mesmo que seja difícil de lidar com você nesse momento, mas isso é um sinal de quem você gosta realmente de mim. Aprendi que nem sempre as pessoas irão me compreender, como eu compreendo elas, e isso não é errado, mesmo que me doa demais sentir isso.
  
   Aprendi que certos passados devem ficar para trás, mesmo que eu tenha dentro de mim, um coração que queira abraçar o mundo. Tem coisas que precisam realmente ficar para trás, para sempre. E eu aprendi isso da pior forma, entre lágrimas de saudades e arrependimentos.

   Sabe, eu ainda posso parecer um menino tolo, que acredita no amor, e que no final tudo vai dar certo. Mesmo que dentro de mim, tudo grite que a vida não é assim. Ainda assim, mesmo assim, eu acredito. Não entre em pânico! Fim.

   Fim? Mas que fim? Será que todo fim é um novo começo? E como podemos recomeçar, cometendo os mesmos erros do passado?

  Me desculpe, esse texto pode ficar um pouco maior que os outros, mas tem muitas coisas que eu ainda quero dizer, você pode desistir, não vou saber que você parou de ler a partir de aqui. Apenas vá em paz e fique bem, mas eu preciso abrir um pouco a janela da minha alma.

   Não está apenas em minhas mãos construir um futuro, eu preciso de você, eu preciso de vocês. Amor, amigos, colegas, leitores. Meus sonhos não são sonhos que devem ser sonhados sozinhos. Escrever um livro, compor uma canção. Como fazer isso sendo só no mundo?

   Eu sempre tive medo de ficar sozinho, não que isso vá realmente acontecer, mas a solidão me apavora. A maior causa de morte. Você consegue estar lá até o fim?

   Eu estou morrendo de amores, mas não conte isso para ela, talvez ela não entenda que eu morro de medo de fazer tudo errado e não ser capaz o suficiente para fazer ela feliz. Eu apenas gostaria de arrumar tudo dentro de mim, antes de deixar ela entrar. Mas como impedir se ela já possuí a chave? Caramba, não sei mais o que fazer, além de acreditar.

   Não, não entre em pânico!

   E pelo que eu me lembre, em algum planeta distante está apenas escrito, uma única mensagem deixada pelos nossos criadores:

   "Desculpe-nos pelo transtorno". Viver é realmente tão difícil assim?


#DiárioDaCidadeCinza