sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Carta
São Paulo, 23 de Setembro de 2016
Bom, talvez mudar não seja tão ruim quanto parece. Espero que perdoe minhas escolhas, não que eu tivesse muitas escolhas a fazer, mas eu preciso mesmo me mudar. Na verdade, não estou indo embora, eu apenas estou mudando que sou, ou melhor, quem eu era.
Porque, talvez o coração que se apaixona, como um trem, deva procurar uma nova estação para descansar. Procurar novas pessoas para interagir, um novo sonho para se sonhar. E como escrever para você esse adeus? Será que há alguma forma mais simples e menos dolorosa de se fazer isso?
Eu conheci uma pessoa fascinante, você sabe como sou, sorrisos me encantam, da mesma forma que uma mente alimentada e uma alma sadia também. Não que eu tenha me arrebatado em outra história de amor, ou tenha me apaixonado. Mas a gente nunca sabe o que podemos encontrar nas esquinas de uma praça, em uma conversa despretensiosa.
Obrigado por tudo que fez por mim, obrigado pelos sorrisos, pelas palavras. Mas nessa carta, me despeço de tudo que eu sentia por você.
Obrigado amor...
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Apenas mais um de amor...
São Paulo, 06 de Setembro de 2016
No início, depois da criação do sol e da lua, também foram criados os meses. E antes que eles começassem a trabalhar, foi feita uma grande festa de apresentação. Cada mês, com sua característica peculiar. Janeiro com seus tons de laranja e amarelo intenso, Maio tão melancólico e até mesmo Julho que parecia sempre tão festivo.
Nessa festa, Junho tão preguiçoso e despretensioso, de
camisa com gola aberta, sem gravata, um jeans surrado. Tão sonolento que quase
não repara em Dezembro. Ela era realmente linda. Cabelos negros, olhos tão
azuis e calmos como de um céu azul. Seu vestido de um azul cintilante, tão
lindo quantos seus olhos, todo rendado, ia até seus joelhos. Talvez tudo isso
não tivesse tido nenhum tipo de efeito sobre ele, até que ela sorri.
Junho, agora mais acordado, vai conversar com Julho, que lhe
explica quem ela era. Junho já decidido vai conversar com ela. E a conversa
corre bem, fluí bem. Ambos descobrem tantas coisas em comum, que talvez ninguém
conseguiria repetir uma história de amor tão linda quanto aquela. Junho e
Dezembro, talvez meses que tivesse que ficar juntos para sempre, se não fosse a
divisão que cada um deles pegou. Junho seria o meio do ano e Dezembro seria o
fim. 6 e 12, opostos, nunca mais se encontrariam.
E antes que a decepção se abatesse sobre eles, Junho corre
para o sol e lhe faz um pedido, que que desse a Dezembro, o dia mais longo do
ano, para que ela nunca se esquecesse do calor do amor que ele tinha por ela. E
em uma demonstração de amor tão grande quanto, Dezembro pede a lua que desse a
Junho, a noite mais longa do ano, para lembrar-lhe em como a vida seria fria
sem ela.
O sol e a lua comovidos com tamanho amor, criam duas datas
importantes. O solstício de inverno e o solstício de verão. Quando Junho recebe
a noite mais longa do ano e Dezembro recebe o dia mais longo. Porque talvez, o
amor seja isso, cada um dá ao outro seu sentimento. Enquanto alguns dão dias
longos e quentes de presença, infelizmente outros podem apenas dar noites
intensas e frias de ausência. Mas no fim, não haverá mais tempo, e assim Junho
e Dezembro poderão ficar juntos, para sempre, mesmo que sem o tempo o pra
sempre não exista, pois no amor, não importa se existe tempo ou para sempre,
existe apenas um ao outro.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Para você...
São Paulo, 05 de Setembro de 2016
Você ainda não sabe, mas esse texto foi feito para você. Que ainda não se apresentou, apesar de eu já acreditar que está em minha vida. Pois, como eu poderia sonhar que existe alguém aqui, que divide um mesmo coração comigo, sem a certeza que ela já habita minha vida?
É um simples sentimento, que está escondido no fundo de mim,
e até mesmo me foi revelado através de sonho. Sonhar sempre em estar
comprometido, mesmo que esse compromisso não exista ainda. É como se minha alma
já previsse sua chegada, sua morada e o resto de nossas vidas juntos.
Como se dois corações já estivessem conectados, esperando o
momento em que os corpos farão isso. E eu estendo minhas mãos durante essas noites
escuras, aonde meu coração procura consolo de toda tristeza guardada dentro de
mim. E peço a Deus e a todas as estrelas que vejo no céu, um sinal da sua
existência. Talvez seja por isso, que até nos meus mais terríveis pesadelos eu
tenho sentido sua presença, mesmo sem saber quem é você.
Só te faço um pedido, permaneça para sempre. Existe um
espaço fora do meu peito, esperando sua cabeça para encostar e um espaço dentro
do meu peito, esperando seu coração para repousar...
Seja bem-vinda.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Será que eu sei?
São Paulo, 02 de Setembro de 2016
Ele, morador da comunidade. Cresceu nos corres da vida. Viu tanta coisa errada nessa vida que não caberia aqui. Batalhou, trabalhou desde pequeno para cuidar da família pobre da periferia.
Ela, moradora de condomínio. Cresceu com a grande expectativa de seguir o pai, advogado bem sucedido. Viveu intensamente cada viagem que fez em suas férias, uma melhor que a outra. Desde de pequena, cobrada para cumpri seu papel na sociedade.
Ambos prestam Fuvest. Ambos passam. Ele, pelo sistema de cotas, que uso sua nota que era uma das mais altas da turma. Ela, depois de estudar em colégios particulares e ter perdido várias horas em sua vida fazendo cursinho pré-vestibular. E talvez por mera coincidência, caem na mesma sala.
Ele, depois de sair cansado do emprego e ter que pegar um ônibus lotado e ter demorado cerca de uma hora em meia no infernal trânsito de São Paulo, chega todos os dias para estudar. Ela por sua vez, vai de metro, apesar do pai insistir que ela deveria ir com o carro que ganhou. Mas ela prefere não ser mais uma nesse mar de gente, metal e poluição que se forma nas ruas.
Ambos se olham, decidem trabalhar juntos no grupo que o professor pediu para que formassem. Vem as apresentações, se conhecem pouco, não precisam de intimidade, ainda mais por ser apenas mais um trabalho na faculdade.
Com o tempo, as semelhanças começam a aparecer, discutir sobre futebol, gostos musicais, ou qual a melhor cerveja que se pode beber depois de um dia duro de trabalho, os aproxima. Tinham trocado os números de telefone para que pudessem marcar as coisas do grupo, mas com o tempo, foram seus aparelhos celulares que os aproximavam, enquanto não podiam ficar juntos.
Era o início de mais uma história de amor...
Bom, talvez não.
Ele, morador da comunidade, ajudava uma O.N.G que ajudava as crianças de baixa renda. Infelizmente, o dono da O.N.G, filiado a determinado partido, também era envolvido com o tráfico da região, tinha o apoio da comunidade, pela ajuda que prestava.
Ela, filha de um advogado renomado, que fazia doações a instituições de caridade e apoiava um determinado político, amigo de profissão, que infelizmente estava dentro de outro partido, envolvido em um sistema de corrupção.
Infelizmente, nenhum dos dois partidos se davam bem. A comunidade contra o condomínio. Ele, por não poder retroceder e trair o movimento, permanece com sua ideologia política. "Eles não prestam por serem corruptos".
Ela, tinha que proteger a integridade moral da família. "Como apoiar um partido que tinha como candidato, aquele que era conhecido como o chefe do crime na comunidade".
Visões políticas. Ele não era um bom pretendente, era de esquerda, apoiador de causas sociais. Ela, não era tão diferente, como era filha da classe média paulistana, não sabia o sofrimento das pessoas e queria apenas enriquecer nas custas do pai.
É, o fim de um linda história de amor. Pois não importava se ele era um bom rapaz, longe da criminalidade, que acordava as 5 da manhã para trabalhar, pegava dois ônibus lotados. Voltava depois da meia-noite, pois além do trabalho, ele era um cara estudioso.
Da mesma forma que não importava o fato dela, boa moça, bem educada, que acordava as 6 da manhã para trabalhar também, e que de preferência, pegava transporte público, pois queria desafogar um pouco o caos que era a cidade. Trabalha em uma agência de publicidade, que tem foco em ajudar bairros carentes em outras regiões da cidade.
Sim, muitas vezes o amor morre por um motivo estúpido como esse.
#DiárioDaCidadeCinza
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