São Paulo, 10 de Fevereiro de 2016

  São Paulo, 10 de Fevereiro de 2016

   Sonhos desconexos, como se não soubesse mais qual é o limite entre a ilusão e a realidade. Tudo tem parecido tão confuso, como uma neblina que cega meus olhos, nubla meus pensamentos e desregula o compasso do meu coração.

   É como se tudo o que tenho pensado fosse como uma bolha de sabão, que visto diante de tantos olhos, surge como algo bonito, mas diante da sua própria vontade de permanecer, esquece como é tão frágil.

   Somos assim, castelos de vidro, construídos para proteger coisas tão preciosas para nós. De forma que qualquer investida, o quebre. Mas também deixando um caco para cada intruso, para cada pessoa que tente entrar em contato com o mais íntimo nosso.

   Bolhas de sabão, ilusões de que algo tão bonito e frágil dure por tanto tempo. São ilusões que crio e enfrento dentro de mim, enquanto me esforço cada dia mais para lidar com cada caco que outras pessoas deixaram dentro de você. Lidar com cada corte que vem se tornando cada vez mais profundo.

   E agora é a hora de nadar ou apenas deixar me afogar? Não é fácil viver dois lados. E tentar domar o monstro a minha imagem e semelhança, aquele que se alimenta dentro de mim, buscando viver bem debaixo da pele, esperando um vacilo, um segundo qualquer para dominar e me tirar o chão que a tempos construí.

   Mas por força do hábito, pela insistência, pelo desejo de mostrar ser quem não quero mais ser. Eu permaneço aqui, lutando, desviando de cada fragmento quebrado em você, juntando tudo o que posso e esperando pela oportunidade de tentar arrumar tudo ai dentro novamente. Mas fazer isso como uma bolha de sabão.

   No fim, somos todos assim....


#DiárioDaCidadeCinza